Excesso de telas e diagnósticos equivocados de autismo em crianças: O que a ciência diz?
Nos últimos anos, o uso excessivo de telas entre crianças pequenas tem gerado preocupação entre pais, educadores e profissionais da saúde. Um tema polêmico que vem ganhando destaque é a possível relação entre o tempo de exposição a dispositivos eletrônicos e diagnósticos equivocados de transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O impacto do excesso de telas no desenvolvimento infantil
Estudos apontam que o uso excessivo de telas está associado a atrasos no desenvolvimento da linguagem, dificuldades de interação social, problemas de sono e aumento da irritabilidade em crianças pequenas. O cérebro em desenvolvimento precisa de estímulos variados, como interações sociais, brincadeiras ativas e exploração sensorial, que são limitados quando o tempo diante das telas é excessivo.
De acordo com a American Academy of Pediatrics (AAP), crianças menores de 2 anos devem evitar o uso de telas, exceto para chamadas de vídeo. Para crianças de 2 a 5 anos, o tempo recomendado é de até 1 hora por dia, com conteúdo de qualidade e supervisão dos pais.
Sinais de alerta: Quando o comportamento pode ser mal interpretado
O uso excessivo de telas pode levar a comportamentos que se assemelham a características do autismo, como:
- Pouco contato visual
- Dificuldade de interação social
- Atraso na fala
- Interesse restrito em atividades repetitivas (como assistir ao mesmo vídeo repetidamente)
Esses sinais, embora preocupantes, nem sempre indicam um transtorno do neurodesenvolvimento. Em muitos casos, podem ser uma resposta ao ambiente pobre em estímulos sociais e interativos.
Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) em 2019 sugeriu que crianças expostas a telas por longos períodos têm maior risco de apresentar atrasos no desenvolvimento da linguagem e habilidades sociais, mas esses atrasos podem ser revertidos com a redução do tempo de tela e o aumento das interações presenciais.
Diagnósticos equivocados: O perigo da superinterpretação
Profissionais de saúde relatam um aumento no número de crianças encaminhadas para avaliação de TEA, mas que, após uma investigação detalhada, não preenchem os critérios diagnósticos. O que ocorre, em muitos casos, é que o comportamento da criança reflete um atraso ambiental, ou seja, uma falta de estímulos adequados, e não um transtorno neurobiológico.
O diagnóstico precoce do autismo é fundamental para o acesso a intervenções eficazes, mas um diagnóstico equivocado pode gerar angústia para as famílias e desviar a criança de um suporte mais adequado.
Por isso, é essencial que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar, considerando o histórico da criança, o ambiente em que ela está inserida e o impacto das telas em seu comportamento.
Como reduzir o impacto do excesso de telas?
Aqui estão algumas orientações para promover um desenvolvimento saudável:
- Limite o tempo de tela: Siga as recomendações da AAP e estabeleça limites diários.
- Interação de qualidade: Priorize atividades presenciais, como brincadeiras ao ar livre, leitura e jogos de interação.
- Acompanhamento profissional: Se houver preocupação com o desenvolvimento da criança, procure um pediatra ou especialista em desenvolvimento infantil para uma avaliação abrangente.
- Ambiente enriquecido: Estimule a criança com música, conversas, jogos e interações sociais.
Conclusão
O uso excessivo de telas pode impactar negativamente o desenvolvimento infantil e, em alguns casos, levar a diagnósticos equivocados de autismo. Embora seja importante estar atento a sinais de alerta, é fundamental considerar o contexto e buscar orientação profissional qualificada.
Promover um ambiente rico em estímulos, com interação humana e brincadeiras criativas, é a chave para o desenvolvimento saudável das crianças.
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