Só quem é pai ou mãe sabe a dificuldade que é encontrar equilíbrio entre o sim e o não, entre o educar e o comandar, entre o proteger e o mimar. Imagine como seria maravilhoso se as crianças nascessem com manual de instrução e os pais soubessem exatamente o que falar, como falar e o momento certo de dar bronca ou mimar.
Infelizmente, porém, não existe manual de instrução. Na tentativa de fazer o melhor pelos filhos, de protege-los das dores do mundo e até mesmo de evitar que eles cometam os mesmos erros que cometeram durante a vida, muitos pais acabam superprotegendo as crianças, e o que eles mais temem se torna realidade: criam filhos mimados e birrentos.
Crianças mimadas não aceitam frustrações e sempre agem para ser o centro das atenções. O problema é que crianças que têm tudo o que querem, na hora que desejam, acabam pagando um preço muito alto na vida adulta.
O preço da superproteção
Quando chega à idade adulta, a criança mimada espera apenas uma coisa do mundo e das pessoas: a mesma exclusividade e atenção que era recebida de seus pais durante a infância. Como sempre tinham tudo na mão, podem se tornar pessoas inseguras, que não se sentem capazes de realizar nada sozinhas — sofrendo com problemas de autoestima e dependência emocional. A tendência é que se tornem pessoas frágeis, boazinhas e tímidas, ou o contrário disso: sendo tiranas, rebeldes e egoístas.
Crianças que cresceram sem limites tendem a se tornar adultos que não sabem lidar com as frustrações e decepções, além de ter muita dificuldade para seguir regras, ser paciente e ter autodisciplina. Essas pessoas têm dificuldade para aceitar a realidade da vida adulta e não sabem ouvir os outros, passando por cima de qualquer coisa para obter o que desejam.
A vida adulta não é nada fácil, e é necessário saber lidar com experiências negativas, frustrações, limites e diversas regras. A infância é justamente o período da vida em que o indivíduo começa a aprender que é importante aceitar a realidade e que as coisas não saem sempre conforme o esperado, e impor limites é fundamental nesse processo.
Durante os primeiros meses e anos de vida, a criança é totalmente dependente dos pais ou cuidadores para sobreviver. Mas, aos poucos, ela começa a interagir com o mundo e os limites e regras são importantes para entender que nem todos os desejos podem ser satisfeitos.
Como corrigir adolescentes mimados
Se você mimou demais seu filho na infância e agora vive essa realidade, saiba que ainda é possível fazer diferente e preparar seu filho para a realidade. Confira algumas dicas de como fazer isso:
Estabeleça uma rotina
Estipule horários corretos para comer, acordar, dormir, estudar, assistir televisão e usar equipamentos eletrônicos. É importante estabelecer uma rotina organizada, em que o adolescente tenha responsabilidade e seja livre ao mesmo tempo.
Não o trate como criança
Muitos pais têm dificuldades de aceitar que o filho cresceu e, inconscientemente, acabam criando regras e colocando limites somente para aprisionar e mantê-lo por perto. Com isso, os filhos se rebelam e acabam enxergando os pais como seus inimigos, quando o que deveriam fazer é aproximar-se deles.
Perceba se as regras e limites que você está impondo são para proteger seu filho ou para proteger a si mesmo. Lembre-se que o adolescente está na fase de experimentar e descobrir coisas novas, e este processo é muito importante para seu crescimento e desenvolvimento.
Seja quem você realmente é
Você não é perfeito e, certamente, comete erros, sente tristeza, raiva, medo e tem diversas limitações e fraquezas. Não tente manter a imagem de herói que seu filho enxergava na infância, pois é justamente nessa fase que ele começa a perceber os pais como realmente são: pessoas normais, com defeitos e qualidades. Quanto mais você tentar parecer o que não é, mais o adolescente perderá a confiança em você.
Direcione seu foco
Na adolescência a tendência é que aumentem as cobranças em relação aos estudos, amizades, hábitos e à construção do futuro. Nesse contexto, muitos pais acabam criticando, exigindo e cobrando em excesso. Como resultado, estabelecem uma relação rígida, tensa e que deixa as conquistas em segundo plano.
Sempre explique o motivo de suas decisões
“Porque não” é uma resposta que deixa o adolescente confuso e com sentimento de injustiça, fazendo com que ele se rebele contra você e suas regras. Sempre explique para seu filho os motivos de suas decisões, fazendo ele entender as razões de determinadas escolhas. Faça críticas construtivas e sempre elogie e reconheça quando o adolescente acerta. Lembre-se: “não fez mais nada que a sua obrigação” não é uma forma de reconhecimento.
