Os pais querem sempre o melhor para seus filhos e, por isso, acabam depositando todos os seus planos e expectativas em cima deles. Nesse contexto, ser filho único pode ser um grande desafio, uma vez que toda essa pressão recai apenas sobre ele.
Segundo o psiquiatra e educador Içami Tiba, pessoas que não têm irmãos podem apresentar um distúrbio de relacionamento chamado de Síndrome do Filho Único (SFU), que consiste na manifestação de um conjunto de sinais e sofrimentos associados aos relacionamentos entre mãe e filho único ou pai e filho único.
Como surge a Síndrome do Filho Único?
O excesso de cobrança e superproteção por parte dos pais é o principal fator que leva ao desenvolvimento da síndrome. Todas as expectativas e cobranças são direcionadas ao filho único, fazendo com que ele se sinta sobrecarregado ou sufocado com tanto amor, controle e promessas a serem cumpridas.
Em geral, quem desenvolve a SFU são crianças mimadas e que têm tudo o que querem, na hora que querem — desde objetos materiais até atenção. Crianças que são muito cobradas, sentem a necessidade de serem sempre perfeitas e receberam uma educação muito rígida também podem desenvolver o problema.
Vale lembrar que, apesar do nome do distúrbio, não é necessário ser filho único para desenvolver a síndrome: irmãos que são mais cobrados ou superprotegidos pelos pais, seja por necessidade ou por falta de conhecimento, também podem apresentar SFU.
Características da Síndrome do Filho Único
Quem possui a SFU geralmente não sabe ouvir os outros ou seguir regras, passando por cima de qualquer coisa para obter o que deseja. Além disso, este é um indivíduo que tem dificuldade para socializar e, desde a infância já apresenta sinais de que não sabe dividir seus brinquedos e atenção de outras pessoas.
Crianças com SFU também tendem a crescer mais rapidamente, pois a ausência de irmãos da sua idade faz com que elas tenham apenas os adultos para se espelhar. Outro padrão que pode surgir é a timidez, resultado do excesso de cobranças — que, por sua vez, gera o medo de errar.
Consequências da SFU
Na vida adulta, quem sofreu com a Síndrome do Filho Único espera apenas uma coisa do mundo e das pessoas: a mesma exclusividade e atenção que era recebida de seus pais durante a infância. Como consequência, esses indivíduos podem se tornar pessoas egoístas e que apresentam dificuldade para dividir e ceder.
Como sempre tinham tudo não mão, podem se tornar pessoas inseguras, que não se sentem capazes de realizar nada sozinhas, sofrendo com problemas de autoestima e dependência emocional. A tendência é que se tornem pessoas frágeis, boazinhas e tímidas, ou o contrário disso, sendo tiranas, rebeldes e egoístas.
Como superar a Síndrome do Filho Único
Quanto mais novo é o filho, mais explícitos são os sinais dos sofrimentos. Com o passar dos anos, a pessoa vai amadurecendo, assumindo suas próprias escolhas e se livrando das expectativas dos pais, o que pode reduzir este sofrimento. A adolescência também é um período importante para superar a SFU, pois as amizades tornam-se mais próximas e importantes.
É possível evitar a SFU?
Caso você esteja preocupado que seu único filho desenvolva a Síndrome, o primeiro passo para evitar o problema é ter consciência de que a criança não representa a sua chance de dar certo na vida, de consertar os seus erros, realizar os sonhos que você não realizou e de curar suas dores.
A partir desse entendimento, evite comandar a vida do seu filho e tomar decisões por ele. Além disso, não queira proteger a criança de todas as dores do mundo, tornando-a frágil, indefesa, insegura e dependente. Em vez disso, saiba impor limites, ensinar que as frustrações e decepções fazem parte da vida e mostrar a importância da paciência e da disciplina.