O rompimento de uma barragem da Vale, um crime ambiental e uma tragédia humana gigantesca. Na última sexta, dia 25 de janeiro, uma barragem de uma mineradora em Brumadinho se rompeu e a avalanche de lama e rejeitos de mineração deixou uma enorme perda: já são 65 mortes confirmadas e ao menos 279 desaparecidos.
O deslizamento no município mineiro é o maior acidente de trabalho da história do Brasil — e poderá se tornar o segundo acidente industrial mais mortífero do séc. XXI em todo o mundo, segundo especialistas e rankings compilados pela BBC News Brasil.
O drama da população de Brumadinho em busca de pessoas desaparecidas continua: os relatos se repetem pela cidade e ainda há esperança de encontrar os entes queridos com vida.
Porém, muitas famílias já receberam a notícia de uma tragédia consumada. Resta saber lidar com a dor da perda, mas, a compreensão, na verdade, é bastante difícil. É comum que uma morte traumática e inesperada leve muito tempo para ser assimilada.
Como lidar com o luto decorrente de tragédias como em Brumadinho?
Embora a morte seja a única certeza da humanidade, lidar com ela provoca uma dor intensa, gera um sentimento de revolta e traz um vazio interno profundo. De acordo com a psicologia, tragédias que mobilizam milhões podem deixar as pessoas mais vulneráveis a transtornos emocionais como a ansiedade e a depressão.
Sobreviventes de acidentes ou pessoas que perderam alguém nessa situação podem sofrer efeitos ainda mais intensos, já que é comum reviver as emoções do ocorrido, as sensações de medo, impotência e impossibilidade de fazer algo.
Por isso, é extremamente importante falar sobre o luto e enfrentar os fantasmas do ocorrido. É importante aprender a conviver com a ausência e a saudade para seguir em frente. Ao passar por essa situação, é importante viver cada fase do luto e encarar todos os sentimentos que fazem parte desse processo.
Resistir ou pular etapas pode fazer com que o sofrimento seja prolongado e gerar traumas emocionais. Por esse motivo, é importante vivenciar o luto, entregar-se à dor e colocar a tristeza para fora.
Quais são as fases do luto?
Negação
Esse momento é marcado pela dificuldade em acreditar que o fato realmente aconteceu. A dor é intensa e existe uma grande dificuldade para lidar com a perspectiva de um futuro sem a(s) pessoa(s) que se foi(foram).
Raiva
Ao perceber que o fato realmente aconteceu e não existe nada que possa ser feito a respeito, é comum sentir uma grande revolta. Quando a pessoa percebe que não é possível reverter a situação, a tendência é que a dificuldade em se conformar seja canalizada em raiva.
Negociação
É nesta fase que a pessoa tenta aliviar sua dor e começa a fazer algumas ponderações, imaginando possíveis soluções e fazendo “acordos” internos. Essa negociação acontece dentro da própria pessoa e, muitas vezes, é voltada para questões religiosas.
Depressão
Geralmente é a fase mais longa do processo, e é caracterizada por um sofrimento intenso. Essa etapa é marcada por uma sensação de impotência, desesperança, culpa e melancolia, sendo comum que a pessoa precise de um período de isolamento e apresente uma grande necessidade de introspecção.
Aceitação
Nesse último estágio, a pessoa consegue ter uma visão mais realista e passa a aceitar o fato. O desespero em relação à perda dá lugar para uma maior serenidade, e o indivíduo começa a enfrentar a saudade com mais consciência.
É importante ressaltar que não existe um tempo exato para vivenciar cada fase do luto, e elas variam de acordo com cada indivíduo e situação. Algumas pessoas podem demorar décadas para chegar à aceitação, enquanto outras nunca conseguirão aceitar a perda com serenidade.
Como superar a perda e seguir em frente?
Não se culpe
Quando perdemos alguém que amamos, é comum que a culpa e o peso na consciência tomem conta dos pensamentos. Isso porque a perda faz com que o indivíduo comece a pensar em tudo o que deixou de fazer e dizer.
Nesse momento, é importante ter em mente que nenhuma relação é perfeita e que as falhas cometidas não significam falta de amor. Entenda que você fez o que foi possível diante de cada circunstância e não se torture pelo que não foi possível fazer.
Adapte-se à nova rotina
Faça todos os ajustes possíveis para aprender a conviver com a ausência da pessoa. Mude alguns hábitos e crie maneiras positivas de enfrentar a saudade — como iniciar um curso, fazer um trabalho voluntário ou ir viajar por um período.
Procure algo que proporcione prazer e traga uma sensação de preenchimento. Mesmo convivendo com a dor, é possível ser feliz encontrando motivação em atividades produtivas.
Desenvolva sua Inteligência Emocional
Cuidar das próprias emoções é muito importante durante o luto, permitindo que o indivíduo encontre coragem e força para recomeçar.
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[Em nome de toda a equipe Sbie, é com extremo pesar que manifestamos nossa solidariedade à toda população de Brumadinho e os mais sinceros sentimentos às vítimas desse crime ambiental e à todas as famílias e trabalhadores afetados pela tragédia.]