Todas as pessoas já contaram uma mentira para se livrar de uma bronca, ter algum benefício ou evitar machucar alguém, e isso é considerado aceitável até certo ponto. Porém, existem indivíduos que fazem da mentira um estilo de vida, se tornando compulsivas e perdendo sua capacidade de se relacionar ou fazer qualquer coisa sem mentir.
O hábito de mentir compulsivamente é considerado um distúrbio de personalidade chamado mitomania, em que a pessoa mente a respeito de todos os assuntos, sem nunca demonstrar constrangimento quando suas histórias são descobertas. O mitômano vai a extremos para sustentar suas mentiras, a ponto de ele mesmo acreditar em suas histórias.
A origem da mentira compulsiva
Por mais que as crianças aprendam logo cedo que mentir é feio e errado, é justamente durante a infância que as pessoas aprendem a mentir. Ninguém nasce sabendo mentir, e este é um comportamento aprendido por repetição ou por interpretação — seja para se defender de alguma situação ou para obter ganhos.
Muitas crianças têm dificuldade de enfrentar frustrações e críticas, e acabam encontrando na mentira uma maneira de preservar sua imagem e obter o que desejam. Quando conseguem o que querem e não sofrem punição pela mentira, as crianças entendem que mentir é funcional, podendo desenvolver a mitomania. Pessoas que cresceram em um ambiente cercado de mentiras tendem a repetir o comportamento aprendido.
Porque as pessoas mentem?
Ainda que a mentira possa trazer perdas e seja sempre arriscada, ela geralmente funciona como um mecanismo de proteção para evitar dor ou para obter alguma coisa. As pessoas mentem porque esta é uma ação que funciona e, a partir daí, continuam mentindo para obter bons resultados. Algumas situações que levam a pessoa a mentir são:
- Necessidade de autoafirmação associada à insegurança, ao medo e à baixa autoestima: a pessoa precisa provar para ela mesma que é importante e aceita, encontrando na mentira uma forma de se superiorizar;
- Falta de autoconhecimento: a pessoa não conhece seu potencial e não aceita suas limitações, perdendo a coragem de ser quem é de verdade por medo de não ser aceita;
- Falta de autoconfiança: a pessoa não confia em suas capacidades e não se sente capaz de realizar nada, preferindo mentir para obter algo que deseja;
- Ausência de afeto na infância: por não saber como lidar com as relações e com o amor, a mentira acaba sendo uma das formas de a pessoa se proteger daquilo que não aprendeu a sustentar;
- Medo de assumir responsabilidades: pessoas que foram muito mimadas e superprotegidas não aprenderam a seguir regras e lidar com problemas, podendo se apavorar diante de responsabilidades. Algumas pessoas mentem simplesmente para criar uma situação desconfortável que permita que ela fuja da responsabilidade.